FUGA DA REALIDADE.

Mesmo os mais equilibrados, necessitam de uns momentos de fuga da realidade, principalmente numa situação de quarentena.


Tem um bicho que chama quarentena, isolamento social ou mesmo distanciamento social, que é mais lindinho e menos traumático. Passa um dia, uma semana, um tempão e ele vai ensinando algumas coisas. É bem verdade que numa intensidade diferente, de forma distinta, a cada um, mas mostra a todos.

Andei questionando os conhecidos, os amigos, pelo telefone, pelas mídias sociais, como consegui. Aconteceu de tudo. Tem casal que separou. Tem casal que se apaixonou de novo, que se descobriu depois de anos morando na mesma casa. Tem pais que entenderam que não suportam fazer o papel de pais. Tem filhos que descobriram que não aguentam os seus pais. Tem famílias que começaram a curtir coisas juntas. Tem de tudo. Muita gente sentindo falta da diarista, da doméstica. Mas uma coisa todos estamos sentindo, um nível maior ou menor de stress. Uma inquietude, uma agressividade, ou até mesmo uma apatia geral.

Fico me perguntando o que está acontecendo. Parece-me que dentro de casa não dá para elaborar as pequenas fugas da realidade a que estamos acostumados. É, fuga da realidade. Um momento de lazer. Por exemplo, quando vamos jogar uma partida de futebol e xingamos todo mundo,  apelamos até para a moral das mães. Mas no final fica tudo certo e rola um churrasquinho com o grupo. Ou passar umas horas no escuro do cinema, esquecendo do mundo. A menos, é claro, que a xarope da fileira de trás tenha esquecido de desligar o celular. Ele toca, todos nos revoltamos, porque somos chamados à realidade pelo som do celular. A ideia é a mesma com a igreja ou com o boteco do final de semana. Um intervalo na realidade.

Com isso de ficarmos em casa e trabalho remoto, não sobra a oportunidade desses intervalos nas nossas vidas.

Solução, tentar organizar o novo cotidiano a fim de conseguir um momento de intimidade, mas também um momento de privacidade. Uns momentos de barulhos, mas uns instantes de silêncio. Não se trata de administrar o tempo ou coisa assim, trata-se de reaprendermos a conviver com as pessoas, com aqueles que nos são mais próximos, nossos familiares. Isso pode ser muito produtivo, muito prazeroso, depende do nosso esforço, de nos mantermos motivados.

Vamos lá, mais uns dias disso tudo, cabeça erguida e bons pensamentos. Com certeza, no futuro vamos aproveitar os momentos de lazer de um modo mais intenso.

Áudio: trabalhos técnicos de Elias Vergenes, UEL FM.

Acesse outro post com essa temática.

O que achou do conteúdo?
Envie uma mensagem pelo formulário abaixo: