SEGREDOS DA VELHICE.

As opções que fizemos ao longo da nossa vida, quem mesmo é que as fez por nós?


SEGREDOS DA VELHICE.
Cruzeiro do Divino Espírito Santo – Pirenópolis, GO.

Quando eu era menino, me incomodava as pessoas idosas sempre parecerem tristes. Aí me perguntava por que isto da tristeza estar tão presente na velhice. Acabei conformado com a ideia de que deve ser cansaço, enfado desta vida. Mas ainda ficava uma indagação: será que todo idoso fica enjoado de viver e por isto fica triste? Ou será que é a falta de perspectiva ao olhar para o futuro? Agora, já crescido, começo a descobrir que para ter esta resposta é necessário ter vivido umas décadas. Ter passado pelo caminho para conhecê-lo. Como não estou idoso ainda, penso que posso utilizar minhas descobertas para ter uma velhice mais serena e menos triste. Investir no meu futuro.

No fim, me parece que desde que nascemos, vão enfiando caraminholas na nossa cabeça. Isto que chamam de nos educar. Vamos crescendo e as coisas, os conceitos, os valores, as exigências, vão se somando. Assim, quando adultos, já somos algo que pode ser qualquer coisa, menos nós mesmos. Aquele garotinho que éramos, ficou sepultado no meio de tanta educação, tantos ensinamentos que nos deram. Mas só descobrimos isto na velhice. E aí ficamos com saudades de nós mesmos. Saudades do que queríamos ter sido e não fomos, pois nos tornamos algo que outros planejaram. Uma coisa construída pelos nossos pais, professores, pastor, padre, pela sociedade. E aí achamos que nossa vida que já está indo para o fim, nem mesmo foi nossa. Foi dos outros. Os outros projetaram em nós o que queriam ter sido, o que acreditavam. É daí que vem a tristeza da velhice. Aquele menino de olhos vivos, foi violentado e transformado em uma outra coisa. E agora não dá mais tempo para pegar a mão desse garotinho e passear com ele pela vida, de uma forma leve e feliz, do modo que o garotinho queria, por si só.

Picasso, de Marcelo Santos, 2008. Acervo do Espaço ManoObra, Sobradinho DF.

Áudio: trabalhos técnicos de Élson Ferreira da Silva.

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