“Perde-se o Brasil, senhor, porque alguns … não vêm cá buscar nosso bem, vêm buscar nossos bens.”
NEGLIGENCIAM NOSSO BEM E LEVAM-NOS OS BENS!
As pessoas têm evidenciado o clamor por um mínimo controle na corrupção. Evidente, pois fomos moldados no ufanismo do gigante pela própria natureza, habitado por um povo heróico, população que não foge à luta, embrenhada em lindos campos que têm mais flores ou nos bosques que têm mais vida. Ou seja, não há como justificar nossas misérias, nossos aperreios, sem culpar da pestilenta corrupção.
Mas nem é de hoje essa questão. Num sermão lá na Bahia, naqueles tempos de Brasil colônia, Padre Antônio Vieira já esfregava nas fuças do vice-rei esta tendência dos poderosos para a rapina.
Disse o pregador:
Perde-se o Brasil, senhor, porque alguns ministros de sua Majestade não vêm cá buscar nosso bem, vêm buscar nossos bens…
Agora podemos atualizar esta fala perguntando se nossos dirigentes estão buscando nosso bem ou os nossos bens.
Então alguém irá argumentar que já não estamos na monarquia, mas num regime democrático. Que podemos escolher nossos representantes. Pois bem, é verdade. A questão, é que experimentamos a cada dois anos a impotência de poder escolher entre os que não queremos. Resta-nos optar entre as mesmas raposas que se oferecem para cuidar de nossas galinhas. A coisa é que podemos escolher a cor da raposa, como se com isso fosse nossa a decisão de tê-las como guardiãs das penosas.
Por fim, já que não podemos ressuscitar Padre Antônio Vieira, devemos pelo menos revisitar seus sermões. Vamos descobrir que o Brasil continua o mesmo, seja no reinado, seja no presidencialismo tupiniquim.
Áudio: Trabalhos técnicos e paisagem sonora de Elias Vergennes – RÁDIO UEL.