VÍTIMA NÃO TEM CULPA.

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O primeiro passo para tentar modificar um cenário ruim, afinal de contas, é entendê-lo.


VÍTIMA NÃO TEM CULPA.

Imagine que furtaram seus pertences de dentro do seu carro, ou mesmo do interior da sua propriedade. Daí você vai registrar uma ocorrência. Mas o servidor olha para você com cara de deboche e pergunta se o veículo estava trancado, se a residência tem cerca elétrica, alarme, sei lá o que mais. Pois já passei por isso.

Em outra situação, a garota foi estuprada. Então deparo com o comentário: olha a economia de saia dessa fulana, presta atenção no comportamento dessas meninas. Só podia dar nisso.

Ou seja, a vítima passa a ser a culpada. Ou porque descuidou na proteção do seu patrimônio, ou porque ousou na vestimenta. Donde se conclui que a questão dessa violência é culpa da otária, do trouxa que deu mole.

A partir disso todos os ingredientes que possibilitam aquele crime, as violências, deixam de ser importantes.

Então as garotas, amedrontadas, deixam de sair para se divertirem, para o justo lazer. Nós corremos a aumentar o muro de casa, instalar cerca elétrica, alarmes, câmeras. Contratamos segurança para a nossa rua.

E, pior, todos passamos a sentir o peso da insegurança no cotidiano.
Foto de cruzes brancas instaladas no cemitério do santuário Pe. Réus, São Leopoldo, RS.

Essa mesma lógica está sendo aplicada aos eventos de violência nas escolas. A escola é que não têm segurança armada, não têm porta eletrônica, detector de metais.

E esquecemos de todos os fatores envolvidos no desencadear dessas tragédias. Que não são acidentais, mas planejadas e executadas com toda uma lógica bem entendida pela psicologia e pela Segurança Pública.

Pois precisamos lembrar que a escola, que é composta pelos edifícios, pelos professores, pelos funcionários, pelos alunos, pelos pais, é que é a vítima, não a culpada. É a mesma lógica do furto ou do estupro.

A vítima é a vítima e não a culpada.

Quando invertemos essa lógica, passamos a criar uma situação que só gera histeria, gastos inúteis e mais tragédias.


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