O ENIGMA DA INUTILIDADE.

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O enigma é que eu não posso lhe entregar as respostas que você espera; tampouco você quer a pergunta que eu não tenho.


O ENIGMA DA INUTILIDADE.

Numa encharcada tarde de domingo, o silêncio é cortado pelos trovões de verão. A energia está interrompida. Alguma árvore comeu a fiação na sua queda e morreu eletrocutada.

Resta pouco a fazer, senão pensar que gastei meus milhares de dias de vida sem encontrar respostas que me deixem satisfeito.

O ar límpido do fim da chuva mostra que a solução é não buscar resposta. Se a vida tem um objetivo é o de encontrar a pergunta certa.

Eu espero um dia ser atropelado pela pergunta que me persegue enquanto eu fico a caçar respostas vazias para esse enigma da vida.

Porém de que me valeria encontrar a pergunta? Além de não entendê-la, eu não teria a quem contar. Ninguém quer saber de perguntas. Pois queremos respostas. Afinal, resposta sempre encontramos alguma. Pode ser inútil, mas é encontrável.

Talvez alguém tenha encontrado essa pergunta vital. Mas por se tratar de uma pergunta tão fundamental, é provável que não possa ser dita ou escrita; não seja possível transformar em palavras. Uma pergunta tão importante é algo que só pode ser traduzido nos silêncios, nas pausas, nas entrelinhas. Quem sabe já esteja em alguma pintura desfocada ou na singela doçura de um sorriso.

Já que não posso lhe entregar as respostas que você espera e que tampouco você quer a pergunta que não tenho, caros ouvidos, vou lhe deixar este enigma.

Qual enigma? Não tenho como saber, afinal é um enigma.

Mas ouça, caso ainda chovesse, eu lhe entregaria um trovão.


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Áudio: Trabalhos técnicos de Ricardo Lima – Rádio UEL.

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