O dolorido é saber que ele vai mascar todo o amargo que tivemos que engolir com nosso estúpido modo de ser.
O PAI, NO FILHO.
Então tem um dia que você se dá conta de que perdeu o filho.
Pois o menino já não vem correndo, braços e sorriso abertos. Quando você chega do trabalho ele nem move os olhos da tela. Afinal, você não tem importância maior do que a tela. É bom ir se acostumando, pra sofrer menos.
No sábado, ele não tem interesse em continuar indo ao futebol com pai. Ou a um passeio na garupa da moto.
E então, já era, já foi!
Você pode argumentar o que quiser, um caminhão disso e daquilo. Pois ele faz mesmo é o que o amigo disse ser o melhor, sem qualquer justificativa para a pobreza da ideia.
Calma, é só a adolescência que chegou. E com ela você ficou reduzido a provedor.
Sem problemas, afinal isso faz a saudável parte da superação das gerações. Graças a esses comportamentos os filhos tendem a se tornar melhor do que os pais, mesmo que nunca concordemos com isso.
Mas tem algo pior nessa adolescência. O menino começa a mostrar como vai responder ao mundo. Eu vejo muitos equívocos, manias tolas, tendências. Isso tudo incomoda muito, não porque sejam novidades. A questão é que nos vemos repetidos. O nosso pior que passamos mais de uma década imprimindo nele.
O dolorido é saber que ele vai mascar todo aquele amargo que tivemos que engolir do nosso estúpido modo de ser.
Aí, só me resta entrar em guerra com meu filho, por não admitir que ele seja tão parecido comigo.