O que move a viagem é uma insustentável saudade daquilo que não conheço.
INESPERAVAM-SE!
Primeiramente preciso confessar algo: tenho uma coceirinha para sair rodando por aí. Portanto, adoro um passeio, melhor ainda uma viagem.
Mas você sabe o que move a viagem?
O que move a viagem é uma insustentável saudade daquilo que não conheço.
Viajar é buscar o desconhecido. Afinal, o conhecido pode ser tomado de nós, já o desconhecido ninguém me tira. Só podem me oferecer para conhecer. Então o desconhecido é a abertura a todo o possível.
Mas vou avisando: para turista não sirvo. Sabe, aquilo de conhecer cartão postal, ou mesmo ir para um resort e ficar lá quatro dias engordando. Pois eu gosto mesmo é de ir para um lugar qualquer ou para qualquer lugar.
Você vai perguntar que desconhecido é esse que eu espero encontrar.
Pois então, a ideia é ir ao encontro do inesperado, topar com aquilo que eu nem supunha existir. Não é nem encontrar, é mais um trombar com algo.
Esse inesperado, por sua vez, também me aguarda. Mas nem imagina que eu exista. É o encanto da surpresa, do inusitado.
Aí eu chego no destino da viagem como se estivesse cantando uma melodia diferente da que se ouve ali. Mas aos poucos vamos nos sintonizando e a viagem vira algo como habitar uma cantiga de coro, um som comum, algo que se canta juntos, uma mesma melodia.
Então estamos no momento do retorno. Porém, não há despedida, pois quando não há expectativa, tudo é encontro.
Por fim, voltar para casa passa a ser um movimento tal qual eu estivesse indo para longe. Afinal, já ganhamos algum ritmo novo que carregamos para casa. Pois trazemos na bagagem as tristezas das pessoas e as alegrias dos lugares que visitamos. O calor dos corações.
Agora a vida assume um novo tom, pois encontramos o antes desconhecido com as cores do amor nos olhos e com os ouvidos escancarados para o diferente. Ou seja, é um encontro conosco mesmo.
Áudio: Trabalhos técnicos de Ricardo Lima – RÁDIO UEL.