UM MUNDO EM PANDEMIA.

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Viver nos dias atuais é isto: morrer de alguma ou de todas as crises. Junto morre a cultura, a civilização, a arte.

UM MUNDO EM PANDEMIA.

Ouvinte, estamos vivendo uma pandemia. Calma, eu não estou atrasado, não. Pois não estou falando do Covid. Mas estou falando é de uma pandemia de crises.

Afinal, para mim, crise sempre foi um evento de uma dimensão só. Crise financeira, crise na saúde. Algo assim. Mas crise em tudo. E pior, crises mortíferas.

Temos crise ambiental e pessoas passam dificuldades, perdem o tudo e o nada que têm; pessoas morrem.

Temos crise na saúde e as pessoas não conseguem exames, procedimentos, medicamentos; pessoas morrem. A esperança morre antes.

E então, mais uma novidade, mais uma crise: crise no trabalho. Tudo mudando muito rápido, pessoas em subempregos. logo, pouco dinheiro, alimentação precária, moradia ausente. Então muitos vão viver nas ruas; pessoas morrem nas ruas.

As guerras vão se espalhando pelo globo terrestre. Então temos fome, desabrigados, migrantes; pessoas morrem mais de uma vez em cada guerra.

As desigualdades econômicas vão crescendo. Portanto, teremos mais um bilionário e mais uns milhões de pessoas pobres. Pobreza que anda de mãos dadas com a falta de oportunidades, com a fome; braços dados com a morte. Morre o pobre e morre o nem tão pobre na violência do desesperado. Por fim, mais um bilionário sentado na tumba da paz social.

Também vivemos uma crise na democracia. No mundo todo. O ódio e os extremismos substituem o bem comum. Morre a participação popular, então brota a servidão.

Afinal, viver nos dias atuais é isto: morrer de alguma ou de todas as crises. Na mesma urna funerária enterramos a cultura, o pensamento humano, a arte. A esperança, esta já ficou logo abaixo do corpo em decomposição, servindo de forro ao caixão. A tampa é a finada civilização.


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