Podemos fechar os olhos, tapar as narinas, mas não somos donos do que ouvimos; queiramos ou não.
SOM AMBIENTE.
O fato é que temos pouco controle sobre nosso corpo. Alguns movimentos, algumas reações nos escapam à vontade. Por exemplo, não dá para parar de ouvir. Os demais sentidos podemos bloquear. Tipo fechar ou desviar os olhos de uma cena chocante. Podemos tapar o nariz para um cheiro nauseabundo. Não levar à boca um alimento repugnante. Não tocar algo com aspecto viscoso. Mas os ouvidos não podemos tapá-los a ponto de não ouvir os sons ao redor.
Ontem mesmo eu estava em uma loja. Tudo muito bem estruturado, decorado com exatidão. Mas o som ambiente … um atentado ao pudor e ao bom gosto. Até ao gosto médio, ao gosto razoável. Para resumir, um griteiro que falava das vantagens de mulher e cerveja.
O gerente ali ao lado informou que quem decide as músicas é a Maria. Uma funcionária que estava ao balcão, semioculta por uma maquiagem pesada, as unhas pintadas em 40 cores diferentes. Por sorte usava o uniforme da empresa. Pudesse escolher a roupa e teríamos outro show.
Eu já havia observado os clientes: apresados, com movimentos rápidos, ao embalo da música agitada, digna do melhor rádio baile da noite de sábado.
Isso não foi uma exceção. Já deixei de frequentar vários locais por conta desses ruídos e ritmos incoerentes com a hora e o lugar. Quero fazer compra, comer, exercitar-me ouvindo um som condizente com a atividade. Não admito compartilhar o gosto de uma Maria dos barulhos. Ainda mais que não consigo calar meus ouvidos.
E isso não entendo. As empresas gastam com a aparência física das suas instalações, atentas aos nossos olhares. Até utilizam um cheirinho no ambiente para agradar, contudo … pobres dos nossos negligenciados ouvidos.
Áudio: trabalhos técnicos de Ricardo Lima – FM UEL.