O coronavírus nos obriga a ficar em casa, mas também nos possibilita vivenciar, de uma ou outra forma, uma imersão na família.
Com o avanço da pandemia do corona vírus, muita gente vai passar a frequentar mais a sua própria casa. Com o agravante de que não devemos deixar as crianças com os avós, considerando o risco para os idosos. Resumindo, cada qual vai precisar ficar em casa com a sua família, o máximo possível. Nada de parquinho, de shopping center, de clube, de passeios. Aparentemente é uma boa oportunidade para vivenciarmos nossas famílias, sem distrações. Estar alguns dias em contato constante com os familiares, estreitar os laços, inventar brincadeiras, estudar com as crianças, criar uns momentos com o marido, com a esposa. Podemos tomar nas mãos essa emergência da epidemia e aproveitar de alguma forma, em família. Mas temo que não é isso que vai acontecer na maioria dos lares.
Vamos pegar nossas frustrações, nossa ansiedade com isso da doença rondando os lares e vamos descontar nos familiares. Em muitas casos, ao invés de ser um momento de intimidade, uns dias gostosos, as casas serão um barril de pólvora. Vai faltar o escape da rua, quando, ao passar o dia fora de casa, as pessoas “davam um tempo” para as dificuldades dos casais, para os desentendimentos com os filhos. O sair à rua funcionando como uma válvula para as tensões internas das famílias. Assim como os amigos, as rotinas do boteco, da manicure, das compras. Agora isso estará comprometido. O que devemos fazer? O segredo é a clareza das coisas. Aproveitar os momentos de ócio para ter claro na mente quais as questões que estão presentes nas nossas casas e aproveitar esse tempo para nos aproximar das pessoas que mais amamos, e que, por vezes, também são as que menos suportamos.