Trezentas palavras para descascar a cebola do discurso político.
Reflexão de Fábio Iwakura*.
Estamos às vésperas de mais uma eleição municipal. Mas antes mesmo de nos darmos conta disso, o que percebemos foram as redes sociais sendo invadidas por personagens querendo se mostrar o seu candidato ideal. Esse é o momento de ganharmos muitos “amigos”, de sermos requisitados nas redes sociais (como em nenhum outro momento), de sermos alçados a uma posição que nunca ocupamos na vida de alguém. É agora que conseguimos distinguir os interessantes dos interesseiros. O candidato interessante é aquele que iniciou a sua campanha eleitoral há muitos anos atrás. É aquele sujeito que já se envolvia com a sua comunidade, antes mesmo de pensar em vida pública. O candidato interessante já se doou em prol de interesses coletivos. Já foi presidente de bairro, foi diretor da Associação Comercial, esteve à frente de um sindicato ou entidade de classe, liderou um clube de serviço, clube recreativo ou associação cultural. O candidato interessante sempre fez parte da vida cotidiana da população, e nunca recebeu por isso. O candidato interessante já deixou o seu rastro. Já o candidato interesseiro é exatamente o oposto. O sujeito que surge do nada, e utiliza as redes sociais para se autoproclamar defensor dos fracos e oprimidos. Para estes, quanto pior, melhor. Critica as decisões (e a falta de decisões) da câmara de vereadores, decretos da prefeitura, obras públicas. Se diz profundo conhecedor do sofrimento da população, embora nunca o tenhamos visto envolvido na defesa dessa gente. Apresenta um belo discurso do que precisa ser mudado e melhorado, mas é frágil ao apresentar soluções viáveis e práticas. Esse candidato interesseiro nunca esteve envolvido diretamente em projetos do interesse comum. Prezado eleitor não pergunte ao candidato o que ele pretende fazer pela comunidade; pergunte o que ele já fez por ela. Quem não tem história, definitivamente não merece a sua confiança
Fabio Iwakura é professor universitário, consultor empresarial, presidente da Associação Cultural e Esportiva de Rolândia, PR e conselheiro da ACIR.