O distanciamento social nos priva da presença dos amigos, mas também do calor de um abraço.
Com o distanciamento social, fiz o propósito de não perder o contato com os amigos. E dá-lhe mídias sociais, vídeo chamadas, ligações telefônicas, chat, de tudo. Contudo ando sentindo que algo não está completo. Parece faltar aquela proximidade física. Mas, afinal, estou ouvindo, estou vendo, estou falando com o amigo. Não tem porque fazer falta o contato físico.
Então hoje dei conta de que o coronavirus, ao contrário de quase todas as outras doenças que afetam os sentidos, não compromete o paladar, a audição e a visão. Os doentes relatam que o olfato e o tato ficam comprometidos. Muito estranho, pois não consigo lembrar de outra doença com esta característica. O normal seria suprimir o olfato e o paladar, como nas gripes normais, às vezes até a audição ou o fala, já que nos deixam roucos. Mas o olfato? Esse sentido do nosso corpo, nem lhe damos tanta atenção.
Mas no fim é esse olfato que parece estar incomodando e fazendo sentir a ausência também nas relações sociais online, via internet. Creio que mesmo que devotemos maior valor à imagem, à voz, sentimos, lá no subconsciente, o odor dos amigos. Este cheiro inconsciente, mas conhecido, nos preenche de alguma forma. E isso não podemos sentir pela internet. Como o calor do abraço, do aperto de mãos, para lembrar do tato.
Até nisso esse vírus é novidade. Está dando protagonismo a dois sentidos que não nos chamavam atenção.
Portanto, agora estou mesmo é sentindo falta do calor e do cheiro dos amigos. Como vamos preencher esse vazio até acabar de vez o distanciamento social? Não tenho resposta. Mas com certeza, quando pudermos, vamos dar um caloroso abraço nas pessoas que queremos muito.
Áudio: trabalhos técnicos de Elias Vergenes, UEL FM.