UMA DÚZIA DE DEZ.

Vou comprando quilos de 700 gramas, dúzias de dez, litros de 750 ml. A matemática resolve a minha vergonha da pobreza.

VELHAS VERDADES COSTURADAS À MÃO.

As velhas verdades sempre engolem e suplantam as fake news, mesmo que o inverso pareça ser o que prevalece.

O HOMEM MAIS VELHO DO MUNDO.

Seu Josias não sabe ler papel, mas consegue ler a alma de um vivente.

MEUS NOVOS AMIGOS.

Amigo é aquele que dá trabalho, que exige atenção. Amigo bom é o que só vai passando.

A IMAGINAÇÃO TEM DONO.

A sua imaginação precisa de atenção, ou alguém vai plantar desejos em você.

A SOMBRA DE NINGUÉM.

Todos deixaremos algo de herança. Quero deixar meu silêncio. Vou trocar minha vida pela sombra de um ninguém.

O ENIGMA DA INUTILIDADE.

O enigma é que eu não posso lhe entregar as respostas que você espera; tampouco você quer a pergunta que eu não tenho.

A FOME DA CAÇAMBA.

Nas caçambas de demolição cabe quase tudo, só não cabe mesmo saudades. Pois as caçambas não têm essa sensibilidade.

A MUTILAÇÃO DO RESEDÁ.

Educação que não se dá em casa vira fiasco na rua. A regra é segura, líquida e certa.

PROCURA-SE 18.262 DIAS.

São dezoito mil e tantos dias que o ralo da vida teve a satisfação de engolir.

A LÍNGUA DA VELHA.

Ouvidos quietos dão origem a bocas pobres. Ouvir histórias movimenta a criatividade.

NINGUÉM QUIS VER.

Uma pitada de violência de gênero, de experiência de pobreza, privilégios e genealogia. Pouca, porque a realidade já contêm o suficiente e ninguém quis ver.

O ÓBVIO SEPULTADO ESTÁ.

Na selva de modismos, esquecemos o óbvio, mas no final o que vai restar é o fundamental, a nossa humanidade.

FRUTAS DA ESTAÇÃO … RODOVIÁRIA.

A ideia é a de uma vida mais saudável. Vou me alimentar de pensamentos.